segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A VIDA NOS ARROZAIS

Um capataz e uma aguadeira

Uma coca e uma lanheira

E uma criança ao fogão

Barris e uma coçaria

Ali é que a gente comia

O arroz cru com feijão



Com as calças a cavalo de estado

Andava tudo tapado

Para os bichos não picarem

Trazia-se um sorréco ou uma faca

De vez enquando muito à sucapa

Ouvia-se as milhãs a estalarem



O sorreco era proibido

Tinha que andar escondido

Para o capataz não ralhar

Ele é que não queria ver

Que a erva estava a crescer

E não se podia arrancar



Para as saias não arrojarem no chão

As moças faziam o balão

Se não andavam molhadas

Os aventais eram dobrados

Os chapéus eram enfeitados

Com rosinhas encarnadas



Tapavam a cara com burnel

Para proteger a pele

Punham polainas e mangos

Os mantulhos eram enterrados

E às vezes eram jogados

Com o nome de serongos




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