quinta-feira, 10 de setembro de 2009

EU GOSTO DO ALENTEJO


Sigo e vou sempre em frente
Lá vou pela vala -real
Visito a linda Comporta
Depois sigo pelo  sapal


páro e olho para o Cambado
Com o andar levo  um pé manco
Almoço na Carrasqueira
Venho lanchar ao Pocanco



Páro  na torre e bebo um copo
Vou jantar ao lindo brejo
Como boa  alentejana
Gosto muito do alentejo



Vou ao Pêgo vou à lagoa
O lindo mar me seduz
vou em  boa liberdade
Visito  o Pinheiro da Cruz


Vou ver  Vila Morena
Não esqueço Alcácer do Sal
Depois  Volto para trás 
Venho dormir ao carvalhal

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

MEU ALENTEJO

Gosto muito do norte , mas enfim

Sempre que posso vou lá passear

Mas levo o Alentejo dentro de mim

Porque em mim têm sempre o seu lugar



Dizem que é província sem beleza

Quem diz talvez não saiba apreciar

Tem tantas coisinhas , a natureza

Que toda a gente aqui vem parar



É um povo parado é bem verdade

No alentejo o clima é diferente

Mas são pessoas humildes e sem maldade

São enganadas constantemente



No tempo dos Mouros já se sabia

Viviam nos castelos escondidos

Deixaram seus costumes sua poesia

Hoje é cantada em grupo muito unidos

OS INGLESES

Vieram os ingleses

Explorar os Portugueses

Um dia , um foi para a guerra

Foi mas tornou a voltar

Fartou-se de nos explorar

Na nossa própria terra



Um dia muito à socapa

Chegou cá uma polaca

Era a mulher do inglês

Não se podia aturar

Passava o tempo a ralhar

Com o povo Português



Dentro desses lamaceiros

Andávamos dias inteiros

E não éramos donos de nada

Dávamos suspiros e ais

Dentro desses arrozais

Que vida tão desgraçada



Trabalhávamos o ano inteiro

Nunca tínhamos dinheiro

Éramos uns coitados pobres

Também foram castigados

Com os brasões empenhados

Deixaram de ser snobes



Nesta grande companhia

Tanta miséria existia

Hoje a vida é diferente

Embora um pouco explorados

Mas já não somos espezinhados

Porque também somos gente

UMA GAIVOTA VOOU

Uma gaivota voou

Nem sequer para trás olhou

Quando atravessou o Tejo

Foi pousar numa canoa

Pôs-se a olhar p’ra Lisboa

Chorou pelo Alentejo



Teve que seguir em frente

Encontrou boa e má gente

Mentiu quando foi preciso

Dentro daquela cidade

Sozinha e com pouca idade

Mesmo assim teve juízo



Ouve alguém que lhe foi dizer

Terás muito que aprender

Num mundo que não é teu

Gaivota estás condenada

Voltaste a ser explorada

Foi sina que Deus te deu



Chegaste aqui sozinha

Hoje tens uma casinha

A onde nada deixaste

Gaivota quem te diria

Que vinhas a ter um dia

O ninho de onde voaste

A VIDA NOS ARROZAIS

Um capataz e uma aguadeira

Uma coca e uma lanheira

E uma criança ao fogão

Barris e uma coçaria

Ali é que a gente comia

O arroz cru com feijão



Com as calças a cavalo de estado

Andava tudo tapado

Para os bichos não picarem

Trazia-se um sorréco ou uma faca

De vez enquando muito à sucapa

Ouvia-se as milhãs a estalarem



O sorreco era proibido

Tinha que andar escondido

Para o capataz não ralhar

Ele é que não queria ver

Que a erva estava a crescer

E não se podia arrancar



Para as saias não arrojarem no chão

As moças faziam o balão

Se não andavam molhadas

Os aventais eram dobrados

Os chapéus eram enfeitados

Com rosinhas encarnadas



Tapavam a cara com burnel

Para proteger a pele

Punham polainas e mangos

Os mantulhos eram enterrados

E às vezes eram jogados

Com o nome de serongos